domingo, 26 de novembro de 2006

Ingrato

Você trouxe a mim o véu da Lua,
a saudade que eu gosto de sentir.
A maior das vontades de teu gosto
A resposta emaranhada ao nosso pó

O chão da vontade minha e tua
Foi distante confinado sem porvir
Confirmando minha falta de opção
Grito, mas minha voz escuto eu só

Alma desgarrada no caminho
Santidade do gesto de sorrir
A realidade é a faca da paixão
Corta o pano mas deixa esse nó

O verbo é a cela que separa
A maldade que me deixa definir
Possuído do desejo de morder
Suspirar
Possuir
Emanar
Você!

sábado, 11 de novembro de 2006

Poesia torta

Eu vim do nada pra trazer
meu peito pra você descansar
as asas recolhidas e o calor
da presença que desfaz o medo
de perder o meu amor
o odor da tua pele calma
a macia alva tez da tua aura
a luz fosforescente do sorriso

incontido
Animo, preenche minha existência
complacência
estou sem dor

sim... estou assim
meu corpo todo faz-se usina
porque vivo pra sentir tua boca
minha menina indiferente a tudo
aos males do mundo
toda tristeza africana é pouca
e daí que a poesia é torta
se ela existe pra agradar a ti
se só assim a poesia existe

pervertido
sopro, essa corrente em sua nuca
é o ar usado que assopro em você
e o arrepio
é indolor

nada mais resta meu amor se acabou
puxo de volta todo o ar pra mim
e as luzes no horizonte riem
porque sabem que chegou o fim
mesmo que eu morra agora é tarde
aquela chama já em mim não arde
sobraram cinzas da saudade
não quero ser aquilo que não sou

arrimo
busco no nada as asas novamente
e sem sentido sigo descontente
descrente que isso irá um dia mudar
é um adeus sem Deus dará
é só um adeus
é só um Deus
é só

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Saudade oblíqüa

"Desde a criação do chão que nos sustenta
O amor pesa e nos faz gravitar"



Minha busca nunca termina

o que eu busco mora em você menina

mas você guarda isso tão fundo

Por que?



Saberia o que dizer sorrindo

mesmo diante de você linda e santa

pura e casta, respira dormindo

Só você...



Nada mais me traz do vício

de te ver cada dia mais linda

minha e tão somente minha

catarse do fim ao início



Nem que a chuva transborde o mar

se compara ao quanto vou chorar

se te perder um dia assim,

de repente num instante eterno.

Inseguro insano
voltando às origens
buscando a voz

irradiando dor
músculo esquelético
nada atlético

Turvando o ar
irrespirável decrépito
dual hermético

inscipiente
descrente de minha fé
profético

Mergulho neste gole
de café, água, açúcar
e minha falta de vontade

de fazer um verso que rime
que tenha métrica
que diga algo
alto
claro
lógico

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Sobre não falar de amor - Epílogo

Não chore mais

Por mim, nunca mais

Pois te verei sempre assim

sorrindo

Sobre não falar de amor - Pt III

Passaram os dias matando

passou do efeito o veneno

passaram os olhos brilhando

passou o coração pequeno




soubemos sempre inventando

avistando fundos de abismos

bonito e rápido queimando

como um raio cortando cismos




soubemos também de antemão

que viria do raio, o trovão

soar, na saudade do peito

a saudade do bar e do leito




e nesse verso mal entoado

deixo meu mais perfeito

verso de amor pesado,

amor velado, amor desfeito.

Sobre não falar de amor - Pt II

Vazio de sua falta

Vazio de minha saudade

Vazio do cheiro que sinto

Vazio da sua vontade




Preencha minha boca com a tua

Preencha minha dor mais doída

Preencha com tua pele nua

Preencha minha vida puída

Sobre não falar de amor - Pt I

Não escrevo versos de amor

Não para outra mulher

Pois não sinto o mesmo calor

Esteja onde estiver




Só de ti vem essa fonte

De prover do fundo de mim

Verso honestamente rompante

Que jorra de dentro assim




E jorrando vou preenchendo

O verso, a estrofe e o pavio

Que queima enquanto escrevo

E preenche o meu peito vazio

terça-feira, 21 de março de 2006



Estranha saudade
Depois que vem tão forte
Se esvai até ser um fiapo de vontade...

Suspire aliviada
Minha dívida foi paga
Igualmente, minha alma devastada

Somente pense e diga adeus
que seu corpo continuará
suando, respirando, amamentando...

E eu e meus dias tediosos
sem mais noção do que é o seu gosto
sem mais segredo para mim mesmo

Só o ignoto vago de sua ausência
Alusão de meus anseios
entremeados pela tristeza

Do retorno tão aguardado
Que nunca poderá acontecer
Por que sou fraco
Sou monótono
Sou triste
Sou frio
Sozinho