sábado, 15 de dezembro de 2007

Eu tinha minha mania
eu tinha meu encanto
fui chegando, fui mudando
me tornei assim um nó

mesmo um nó tem seu par
na sua volta que não solta
o seu abraço egoísta
que não quer largar

quanto mais aperta mais se isola
por que o nó queria ser uma mola
para pular e se esticar
ser o que não deve ser

ou se apertar até mudar
virar um resto de si mesmo
sumir no nada desse abraço
incompleto de marasmo

o nó que assim eu me tornei
resume a dor de não conter
nada além de mim em volta
de nada de você para mim

De novo

Ai... que saudade
Se esconde em meu peito a tal felicidade
de um dia de sol
de paz e tranquilidade
não sou desse jeito. sou incapacidade.

Que o tempo me enterre essa dor do meu peito
que faça direito, o tempo, desgaste
que sinto esse mal que corrói eu por dentro
não vejo mais jeito, só vejo vontade

o passo virou e mandou um recado
num sonho estranho que nunca se acaba
um samba tão mudo sem reco nem surdo
um bate que bate e volta me afaga

ai... que vontade de ver e sentir
seu riso chegando e me dando revolta
pra eu nunca mais te largar, nunca mais te mentir
a vida passando e a gente de folga

de novo falando de novo sonhando
de novo contigo não quero mais nada
tão longe o tempo não tá mais mudando
desisto do sonho, retorno ao meu nada.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Falta

Sinto o espasmo do espanto
o vazio da ausência
sem anuência que deforma a causa
encontrei minha própria demência

Uma loucura calma
que não afasta a alma
mantendo sanidade nas calçadas
dessas idéias mal formadas

voltam memórias
dores cores paranóias
de um tempo estranho
eras perdidas heróicas

encontro a dor hipnótica
essa verdade caótica
e minha única certeza
é a beleza da sutileza

do contorno casto
do teu peso no meu
arfante esbaforido afasto
sua doutrina que a nós regeu

Sem vontade de sentir mais nada
sinto o falso repentino da pancada
que preenche seu útero nefasto
com glória esquecida de minha vida

se enlouqueço devo tudo a ti
complexa essência sórdida
sublimou-se em qualquer aqui
para tornar minha existência mórbida